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As três professorinhas que ajudaram alfabetizar toda uma geração em Cruzeiro do Sul vieram da roça e viram o pai perder a visão ainda jovem

Quando eram crianças o pai perdeu a visão e sua mãe precisou cuidar de tudo, desde as ocupações domésticas até a agricultura de substância, pra poder criar os seis filhos.

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Elas são filhas de Rosa Rodrigues da Silva e Justino Sales dos Santos, um agricultor do cinturão verde ao redor da cidade de Cruzeiro do Sul que ficou cego muito cedo. As três se entregaram ao magistério e ajudaram a alfabetizar uma geração em sua terra.
São elas:

  • Rosalva Sales de Oliveira, nascida em 31 de março de 1941, casada com Francisco Pereira de Oliveira, agricultor (in memorian), mãe de:
    Maria de Sales Oliveira, funcionária pública;
    Francisca de Sales Oliveira, professora;
    Sebastiana Sales de Oliveira, professora;
    Rosa Lene Sales de Oliveira, professora;
    Maria José Sales de Oliveira (in memorian);
    Rosangela Sales de Oliveira, professora; e
    Manoel Sales de Oliveira, setor privado.
  • Eliza Rodrigues Ferreira, nascida em 14 de agosto de 1946, foi casada com Abílio Ferreira Neto, policial militar, com quem teve quatro filhos, a saber:
    Elisangela Rodrigues Ferreira, contabilista que reside na Noruega há 24 anos;
    Álen Marcos Rodrigues Ferreira, tenente-coronel PM; e os gêmeos Adriana Rodrigues Ferreira, bancaria, e Adriano Rodrigues Ferreira, gerente comercial.
  • Sebastiana Rodrigues Soriano da Silva, nascida em 3 de setembro de 1950. Casou-se com Osmarino Soriano da Silva, mestre de obras (in memorian).
    Tiveram os filhos Sanderson Soriano da Silva, autônomo;
    Anderson Soriano da Silva (in memorian);
    Adelson Soriano da Silva, empresário da contabilidade;
    Richardson Soriano da Silva, frentista;
    Sandra Soriano da Silva Cunha, assistente social;
    Alessandra Soriano da Silva, concludente do curso de enfermagem;
    Tatiane Soriano da Silva, gerente administrativa.

Quando eram crianças o pai perdeu a visão e sua mãe precisou cuidar de tudo, desde as ocupações domésticas até a agricultura de substância, pra poder criar os seis filhos.
Professora Rosalva, a primogênita, começou a estudar como semi-interna no Instituto Santa Teresinha, escola de alto padrão da Igreja Católica. Foi através do Bispo Dom José Ascher (Francês) que ela foi alfabetizada pelo professor Antônio de Barros Freire, que empresta seu nome à uma escola de ensino fundamental em Cruzeiro do Sul, e também pela professora Francisca, a Chiquinha, que foi morta de maneira covarde, e também pela primeira Freira Dominicana Brasileira, Irmã Gracia.
Estudou até o 4° ano, mas ressalva que esse grau naquela época era muito bem feito e realmente o aluno aprendia. Logo foi lecionar na zona rural, na escola Acre-Amazonas.
“O Dom José Ascher disse um sim pra mim e esse sim foi o caminho para a minha trajetória de vida. Hoje eu retribuo tudo que eu posso nas obras da igreja e sobretudo na pastoral da saúde”, conta.
Com seu salário de professora começou a ajudar em casa sua mãe, seu pai e irmãos.
Depois estudou até a 8° série, logo em seguida concluiu o 2° grau e formou-se em Matemática no ensino superior.
Muitos alunos passaram pelos seus ensinamentos, hoje médicos, professores, dentistas, advogados e tantas outras funções na vida.
Também uma vida de militância orgânica partidária no então Partido da Frente Liberal (PFL), tendo organizado partido e coordenado campanhas eleitorais.
“Foi doloroso, mas não guardo mágoas e nem ressentimentos daqueles que eu ajudei e quando chegaram no poder, viraram as costas, mas, Deus viu o meu esforço e dedicação”, historia.
Destaca a amizade que sempre teve com o seu eterno companheiro de campanha, o ex-taxista e atual pecuarista, Walter Melo. “O Walter sempre foi um bom amigo, é uma das poucas coisas boas que me aconteceram na política, foi minha amizade com ele”, lembra.
Vendo essa realidade atual das coisas inimagináveis que acontecem dentro de sala, Rosalva diz: “No meu tempo, não precisava castigar, mas só falar e orientar, os alunos obedeciam. E hoje, a gente não vê isso.
Hoje está muito difícil, ser professora hoje não é mais como aquele tempo. Eu sempre digo: eu ensinei muita gente ler, eu ensinava e eles aprendiam. Até meus próprios filhos aprenderam comigo”, conta à nossa reportagem.
Deixa uma mensagem para a juventude: “Estudem, respeitem o professor assim como também deve-se amar pai e mãe e ter fé em Deus”.

A professora Eliza Rodrigues diz que o início foi pela necessidade e começou a trabalhar aos 17 anos. Lembra que sua mãe procurou o Bispo Dom Henrique, que também lhe deu uma “Bolsa de estudo” no Instituto Santa Teresinha. Lembra ainda que fez os três primeiros anos de estudos na escola Coronel Contreiras, mas, quando ingressou no Instituto Santa Teresinha, foi fazer o segundo ano e concluiu lá o ensino médio.
Destaca a sua tia, Raimunda de Sousa Barbary, e uma sonhora conhecida por dona Morena, como sendo as professoras que lhe alfabetizaram.
Lembra ainda que no 8° ano no Instituto Santa Teresinha começou a lecionar em algumas escolas, entre estas a Coronel Contreiras, Barão do Rio Branco, Braz de Aguiar, Valério Caldas de Magalhães, Flodoardo Cabral, e no próprio Instituto Santa Teresinha.
Destaca alguns poucos alunos que passaram pelos seus ensinamentos: Godofredo Magalhães, comerciante; César Messias, ex-prefeito, ex-deputado e ex-vice-governador;
Liberman Sampaio, o Liba, policial civil aposentado.
“Ser professor é uma profissão muito valiosa, porque todas as outras profissões dependem do professor”, trocadilha ela.
Foram 12 anos como professora e 26 como bancária, 38 anos de muito trabalho e dedicação e servir ao próximo.
Atualmente, Eliza se dedica também a pastoral da saúde da Igreja Católica. “Quando sai do banco, recebi um convite, aceitei e gostei e estou trabalhando até hoje, porque a gente tem que ter alguma atividade depois que se aposenta, então a gente adoece”, conta.


Eliza lembra que muitas pessoas chegavam e diziam: – Você vai se arrepender, tá muito cedo pra se aposentar, você vai entrar em depressão etc…A gente só entra em depressão, se a gente der lugar pra ela.
Deixa uma mensagem para a juventude: – Tem que estudar, pois a vida está cada vez mais difícil, e se não tiver estudo, ainda é mais complicado. É através dos estudos que as pessoas conseguem algo na vida.

A professora Sebastiana lembra do início de sua trajetória na vida educacional. Começou estudar na escola Coronel Contreiras e teve como suas alfabetizadoras as professoras Raimunda Barbary e Anália.
Logo em seguida sua família muda para a cidade e ingressa também no Instituto Santa Teresinha, onde ficou até o ensino médio. Ainda na época do ensino médio, se casou e no seu último do ensino médio, foi contratada como professora, lembra.
Começou a lecionar na escola Rodrigues Alves no Bairro da Várzea, também trabalhou na supervisão no núcleo da educação, também trabalhou na Escola Craveiro Costa e Professor Flodoardo Cabral.
Destaca que também trabalhou a noite por muito tempo no supletivo.
Lembra que ainda estava na ativa quando decidiram mudar a sede da Escola Craveiro Costa para o bairro do Remanso, e de lá, foi transferida para a Escola Antônio de Barros Freire, onde trabalhou os últimos anos até se aposentar em definitivo.
Destaca ainda a Madre Adelgundes Becker, que era diretora do Instituto Santa Teresinha e lhe conseguiu a Bolsa para estudar lá. Teve ainda como colega de classe, a Irmã-Paulina.
Por ter sido uma rígida professora de matemática, professora Sebastiana lembra que tinha alguns alunos que não gostavam dela, mas, tinham outros que gostavam.
Destaca o advogado Jader Maia Sobrinho, que foi seu aluno e lhe diz quando a encontra; “eu aprendi matemática com a senhora”. Jader é hoje um especialista em licitação e números do atual governo do Acre.

Lembra ainda das muitas andanças pelo Brasil a fora, com destaque para Goiânia, Porto Velho e algumas outras cidades, onde encontra ex-alunos. Eles chegam dizendo: – Professora eu estudei com a senhora. Mas, a maioria a gente não consegue lembrar porque a rosto muda muito e vão crescendo e crescendo.
Recentemente foi abordada por umas de suas alunas: Professora, eu não era muito boa em matemática, mas, hoje, com o que eu aprendi, também sou professora e estou como diretora de escola no município de Rodrigues Alves.
A professora Sebastiana também deixa uma mensagem para os alunos e a nossa juventude.
Que eles respeitem mais os professores, que hoje em dia não tem muito respeito em sala de aula.

Os professores hoje em dia tem muita dificuldade. Então a minha maior mensagem que eu gostaria de deixar, é que eles respeitem os professores e que ele estão ali pra ensinar e aprender com quem quer aprender.
Portanto, são 3 irmãs e professoras maravilhosas que tiveram como missão de vida, a causa da educação.

Por Acre News

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