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As mulheres que se voluntariam para a linha de frente da Guerra na Ucrânia

As redes sociais estão cheias de imagens de mulheres com armas e uniformes militares prontas para lutar na guerra que assola a Ucrânia desde o final de fevereiro.

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Por BBC

Olena Zelenska, esposa do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, compartilhou fotos destacando os esforços das mulheres após a invasão russa.

E não foi só Zelenska — as redes sociais estão cheias de imagens de mulheres com armas e uniformes militares prontas para lutar na guerra que assola a Ucrânia desde o final de fevereiro.

Famílias foram separadas quando milhões de pessoas, principalmente mulheres e crianças, fugiram para o oeste em busca de segurança, enquanto maridos e pais ficaram para defender cidades sob ataque russo.

Mas muitas mulheres também ficaram para lutar, incluindo Zelenska, apesar do extremo risco que suas vidas correm.

Kira Rudik — ‘É assustador, mas estou com raiva’

Kira Rudik com arma
Kira Rudik recebeu uma arma do governo por ser deputada

“Eu nunca tinha tocado em uma arma até que a guerra começou”, disse a parlamentar Kira Rudik. “Nunca precisei.”


“Mas quando a invasão começou e havia a possibilidade de conseguir uma arma, fiquei tão chocada com tudo que decidi pegar uma. Ela é pesada e cheira a metal e óleo.”
Rudik montou uma unidade de resistência em Kiev que está treinando para defender a capital ucraniana.
Ela mantém em segredo a sua localização, porque, segundo ela, os serviços de inteligência a avisaram que ela está na “lista de assassinatos” do presidente russo Vladimir Putin.
Apesar disso, ela continua seu trabalho como líder do partido Voz no parlamento da Ucrânia, enquanto também patrulha seu bairro com sua unidade.
Uma foto de Rudik com sua arma rapidamente viralizou, e ela diz que isso levou a uma onda de outras mulheres pegando em armas.
“Recebi tantas mensagens de mulheres me dizendo que estão lutando”, disse ela à BBC.
“Não temos ilusões de como será esta guerra, mas sabemos que todos temos que lutar para proteger nossa dignidade, nossos corpos, nossos filhos. É assustador, mas também estou com raiva e esse é provavelmente o melhor sentimento que posso ter para lutar pelo meu país.”


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Das 44 milhões de pessoas que vivem na Ucrânia, 23 milhões são mulheres, segundo o Banco Mundial, e o país tem uma das maiores proporções de mulheres servindo em suas forças armadas.
O Exército ucraniano diz que 15,6% de seus soldados são mulheres — um número que mais que dobrou desde 2014.
Este número pode ser ainda maior após um anúncio em dezembro convocando todas as mulheres de 18 a 60 anos em boas condições físicas a se registrarem para o serviço militar.
As que foram recrutadas ou optaram por ficar na Ucrânia podem acabar enfrentando enormes perigos.
Não se sabe exatamente quantas pessoas morreram nos combates desde a invasão russa, mas as autoridades ucranianas afirmam que mais de mil mortes de civis ocorreram desde 24 de fevereiro.
Não é possível confirmar este número, mas a ONU afirma que, até 8 de março, 516 civis haviam sido mortos.
Além disso, acredita-se que milhares de combatentes de ambos os lados tenham morrido à medida que vai se tendo mais notícias sobre o conflito. E é provável que exista um número muito maior de feridos.
O presidente Zelensky disse que 1,3 mil soldados ucranianos morreram nas duas primeiras semanas da guerra.
Muitos ucranianos próximos aos combates agora vivem no subsolo em porões e estações de metrô para se proteger dos mísseis e ataques aéreos que atingem suas cidades.
Os bombardeios também têm sido indiscriminados, com novas imagens todos os dias de casas destruídas, hospitais arrasados e corredores humanitários ignorados.
Esta é a realidade para aqueles que optam por ficar na zona de guerra da Ucrânia.

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