A Armênia está pronta para assinar um acordo de paz com o Azerbaijão se Baku demonstrar a mesma vontade política, e está interessada em fazer progressos na normalização das relações com a Turquia, disse um autoridade do alto escalão armênio neste sábado (2).
Yerevan e Baku disseram em dezembro que queriam chegar a um acordo de paz depois de décadas de divergências, mas nenhum pacto foi assinado ainda.
A questão mais polêmica há muito tempo é a região de Nagorno-Karabakh, no Azerbaijão. As forças de Baku recapturaram a área montanhosa em setembro, após anos de controle da etnia armênia, o que levou a maioria dos armênios étnicos a fugir para a Armênia.
O vice-ministro das Relações Exteriores, Vahan Kostanyan, disse que a Armênia tem a vontade política de normalizar as relações com o Azerbaijão com base nos princípios previamente acordados entre os dois lados.
“Essa é uma questão de vontade política e liderança”, disse ele à Reuters em uma entrevista durante o Fórum Diplomático de Antalya, na Turquia.
Kostanyan disse que Yerevan havia demonstrado a vontade política necessária, inclusive nas conversações de sexta-feira entre os ministros das Relações Exteriores da Armênia e da Turquia, o principal apoiador de Baku.
“Agora, se o lado azerbaijano estiver realmente interessado em ter paz, só precisamos concordar em colocar os princípios acordados pelos líderes (no papel) e assiná-los”, disse ele.
Entre as questões pendentes está a falta de acordo sobre a fronteira compartilhada, com cada lado mantendo pequenas áreas cercadas pelo território do outro.
Kostanyan disse que os dois lados precisam reconhecer a integridade territorial e a soberania um do outro, e chamou a atenção para o plano “Crossroads for Peace” de Yerevan para a abertura de linhas de comunicação na região para ajudar na estabilidade regional. Não houve nenhum comentário imediato de Baku sobre suas falas.
Buscando melhores laços entre Turquia e Armênia
A Turquia, membro da Otan, aprofundou os laços políticos e militares com o Azerbaijão nos últimos anos, mas também tem trabalhado para reavivar os laços com a Armênia após décadas de animosidades.
O país cortou laços diplomáticos e comerciais em 1993 em apoio ao Azerbaijão durante uma guerra que Baku estava travando em Nagorno-Karabakh.
Kostanyan disse que a Armênia quer uma normalização completa dos laços com a Turquia, incluindo a abertura da fronteira compartilhada e o estabelecimento de relações diplomáticas.
“O estabelecimento de relações diplomáticas é basicamente a comunicação entre dois Estados”, disse ele. “É claro que a reconciliação entre duas nações pode levar mais tempo, mas precisamos ter relações diplomáticas que nos ajudarão e ajudarão nosso povo.”
Ele disse que Yerevan havia feito o trabalho necessário para abrir as fronteiras com a Turquia, incluindo reparos de infraestrutura, e estava aguardando a resposta de Ancara.
A Turquia e a Armênia estão em desacordo principalmente em relação a 1,5 milhão de pessoas que Yerevan diz terem sido mortas em 1915 pelo Império Otomano, o antecessor da Turquia moderna.
A Armênia afirma que isso constitui genocídio. A Turquia aceita que muitos armênios que viviam no Império Otomano foram mortos em confrontos com as forças otomanas durante a Primeira Guerra Mundial, mas contesta os números e nega que isso tenha sido sistemático.