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“Arma fantasma” pode ter sido usada no assassinato de CEO nos EUA; entenda | CNN Brasil

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Luigi Mangione, suspeito de matar Brian Thompson, CEO da UnitedHealthcare, estava carregando uma “arma fantasma” — um tipo de arma de fogo caseira e não rastreável — quando foi preso na segunda-feira (9), segundo a polícia.

Ele com a arma quando foi revistado pela polícia em um McDonald’s da Pensilvânia, disse o chefe de detetives do Departamento de Polícia de Nova York, Joseph Kenny.

A arma era capaz de disparar uma bala de 9 mm e “pode ​​ter sido feita em uma impressora 3D”, explicou Kenny. Essa alegação vai ao encontro de uma queixa criminal na qual a polícia informou ter encontrado uma “pistola preta impressa em 3D” na mochila de Mangione.

Os investigadores também recuperaram um silenciador — artefato que abafa o som de tiros –, ainda de acordo com as autoridades.

O caso levantou para debate a questão das armas fantasmas, que ganharam inúmeras manchetes nos últimos anos nos Estados Unidos, já que dezenas de milhares foram recuperadas de cenas de crimes violentos em todo o país.

Arma de fogo caseira e não rastreável

Existem dois atributos principais nas armas fantasmas, frequentemente chamadas pelas autoridades de “armas de fogo de fabricação privada” ou PMFs.

Primeiro, as armas fantasmas não têm números de série, o que as torna efetivamente não rastreáveis ​​e dificulta a capacidade da polícia de checar o histórico de uma arma quando recuperada em uma cena de crime.

Segundo, elas não exigem uma verificação de antecedentes criminais, permitindo que os compradores passem por cima de requisitos típicos que podem enfrentar ao comprar uma arma de fogo.

Até recentemente, as armas fantasmas eram normalmente construídas usando kits vendidos online. Assim, em 2022, o governo Biden instituiu uma nova regra exigindo que esses kits incluam números de série e que verificações de antecedentes sejam feitas.

No entanto, algumas armas fantasmas podem ser impressas ou usar peças impressas em 3D.

Veja fotos de Luigi Mangione, suspeito de matar CEO da UnitedHealthcare

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    Nesta foto divulgada pelo Departamento de Polícia de Altoona, Luigi Mangione é visto em uma cela de detenção após ser detido na segunda-feira, 9 de dezembro, em Altoona, Pensilvânia.

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    Foto de Luigi Mangione divulgada pelo Departamento de Correções da Pensilvânia em 10 de dezembro de 2024. • Departamento de Correções da Pensilvânia

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    Luigi Mangione é visto em uma imagem do Departamento de Correções da Pensilvânia • Departamento de Correções da Pensilvânia

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    O suspeito, Luigi Mangione, também teve sua fiança negada pela segunda vez, um dia depois de ter sido detido em um restaurante de fast food após uma extensa procura de cinco dias. Mangione é visto nesta foto de 2019. • Obtido pela CNN

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    Luigi Mangione luta com policiais e grita enquanto é levado ao tribunal em Hollidaysburg, Pensilvânia, em 10 de dezembro. • Reprodução

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    Ao entrar no tribunal cercado por policiais, Mangione gritou na direção dos jornalistas, gritando em parte, “..completamente fora de sintonia e um insulto à inteligência do povo americano!” Não ficou claro a que ele estava se referindo. • Reuters

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    O Departamento de Polícia de Altoona divulgou uma foto do suspeito, Luigi Mangione. O homem de 26 anos é acusado de atirar no executivo da UnitedHealth, Brian Thompson, em Manhattan • DEPARTAMENTO DE POLÍCIA DE ALTOONA

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    Polícia obtém impressão digital de suspeito de matar CEO em Nova York • NYPD

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    Luigi Mangione em seu discurso de orador de turma • ESCOLA GILMAN

De qualquer forma, a natureza não rastreável das armas fantasmas as torna “especialmente atraentes para pessoas perigosas e proibidas”, de acordo com o Departamento de Justiça dos EUA.

“Elas se tornaram a arma de escolha para pessoas que de outra forma seriam proibidas de comprar armas legalmente”, ponderou Eric Tirschwell, diretor-executivo da Everytown Law, o braço de litígio do grupo de defesa Everytown for Gun Safety.

“Isso inclui criminosos, condenados que não podem entrar em uma loja de armas e comprar uma arma e também adolescentes que são muito jovens para adquirir armas”, advertiu;

Armas de fogo de fabricação privada também podem ser construídas por amadores, alertou John DeVito, ex-agente especial encarregado do Escritório de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos em Nova York e Nova Jersey, observando que é permitido juridicamente que alguém construa sua própria arma de fogo.

Entretanto, não é permitido fabricar armas para venda sem licença, e armas de fogo de fabricação privada são um problema quando se tornam “armas de crime”, ainda segundo o especialista.

“O que vimos repetidamente ao longo dos anos, à medida que esses kits se tornaram mais comuns e fáceis de usar… estávamos descobrindo fábricas na sala de estar de alguém, onde eles estavam fabricando centenas dessas armas de fogo de fabricação privada, ou armas fantasmas, e depois as vendendo para indivíduos na rua”, disse ele.

Armas fantasmas podem usar peças impressas em 3D

As armas fantasmas que usam componentes impressos em 3D tendem a ser menos confiáveis ​​do que aquelas que usam componentes feitos em fábrica, de acordo com Stephen Gutowski, repórter do TheReload.com e colaborador da CNN.

No caso do assassinato de Thompson, Gutowski citou para o vídeo do momento do assassinato mostrando que a arma aparentemente emperrou, forçando o atirador a consertá-la.

“Ele parecia saber que ia dar defeito”, comentou o especialista.

As autoridades não confirmaram se a arma encontrada na mochila de Mangione era a arma usada para matar Brian Thompson — a confirmação dependerá de testes balísticos, de acordo com o chefe de detetives do Departamento de Polícia de Nova York.

Ainda assim, armas impressas em 3D continuam sendo domínio de entusiastas, comentou Gutowski.

“A maioria das pessoas que constroem armas não serializadas, incluindo criminosos, usam os kits com peças pré-fabricadas e inacabadas. Elas tendem a ser mais fáceis de montar e fazer funcionar de forma confiável”, disse o especialista

Resta saber se armas fantasmas impressas em 3D se tornarão mais comuns após as novas regulamentações do governo Biden, mas isso “certamente é uma preocupação”, de acordo com Tirschwell.

Imprimir uma arma não é tão fácil quanto comprar um kit, ele observou. É preciso ter acesso a uma impressora 3D e saber como obter os planos necessários.

Ainda assim, ele ponderou que “essa será uma nova fronteira em [relação às] armas caseiras que exige e, espero, será atendida com mais regulamentação”.

Milhares de “armas fantasmas” foram achadas nos últimos anos

É impossível saber quantas armas fantasmas existem e o número provavelmente é ofuscado pela quantidade de armas de fogo feitas comercialmente, que são fabricadas aos milhões a cada ano nos Estados Unidos.

No entanto, algumas agências rastreiam quantas armas fantasmas são recuperadas em cenas de crime. Quando o governo de Joe Biden anunciou seus novos regulamentos sobre o assunto, a Casa Branca relatou que 20 mil armas fantasmas suspeitas foram relatadas ao Escritório de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos dos EUA em 2021, “um aumento de dez vezes em relação a 2016”.

Em nível nacional, mais de 45 mil armas de fogo de fabricação privada foram relatadas como encontradas em cenas de crime entre 2016 e 2021, de acordo com a agência.

Em 2022, o Departamento de Justiça dos EUA relatou ter recuperado 25 mil dispositivos no país.

Decisão importante pendente no caso de “arma fantasma”

De acordo com Everytown for Gun Safety, 15 estados dos EUA regulamentam armas fantasmas.

Muitos, como a Califórnia, exigem números de série e verificações de antecedentes criminais para as compras de peças.

Mas também houve medidas em nível federal — ou seja, os regulamentos do governo Biden introduzidos em 2022, que atualmente são objeto de um processo debatido na Suprema Corte dos EUA em outubro.

Fabricantes e grupos de defesa contestaram a regra, alegando que ela violava uma lei de 1968 que exigia que fabricantes e revendedores fizessem verificações de antecedentes, mantivessem registros de vendas e incluíssem números de série em armas de fogo. Os kits não são armas, mas peças, eles argumentaram.

Uma decisão no caso não é esperada nos próximos meses. No entanto, durante os argumentos orais, os juízes — incluindo vários conservadores — sinalizaram uma disposição de manter a regra.

A Suprema Corte dos EUA permitiu que a medida entrasse em vigor enquanto o litígio continua e, enquanto isso, algumas jurisdições viram um declínio no número de armas fantasmas sendo recuperadas em cenas de crime.

Vários estados e cidades relataram quedas nas apreensões em um resumo enviado à Suprema Corte dos EUA por procuradores-gerais estaduais em apoio aos regulamentos do governo Biden.

“Embora esses dados sejam limitados, eles são indicativos do impacto no mundo real que a Regra Final está tendo e dos interesses críticos de segurança pública que ela promove”, avalia o resumo.

Independentemente disso, a prisão de Luigi Mangione renovou os apelos para que mais seja feito para reprimir o uso de armas fantasmas, incluindo do prefeito da cidade onde ele supostamente matou Thompson.

“Elas são extremamente perigosas, e precisamos fazer mais no nível federal para reprimir a disponibilidade de armas fantasmas”, pontuou o prefeito de Nova York, Eric Adams.

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