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Após morte de manifestantes o Peru é abalado de agitação social e instabilidade política

Milhares de manifestantes continuam nas ruas de Lima e do sul do país, especialmente em Puno.

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Depois de anos de relativa prosperidade econômica e esperança no futuro, o Peru foi abalado de agitação social e instabilidade política que parecem não ter fim.

Milhares de manifestantes continuam nas ruas de Lima e do sul do país, especialmente em Puno, onde os cidadãos estão indignados com décadas de marginalização, desigualdade, denúncias de corrupção e padrões de vida estagnados.

A última onda de protestos no Peru deixou pelo menos 66 pessoas mortas, em uma série de mortes brutais que destacam as profundas divisões do país que remontam aos tempos coloniais.

Embora tenha havido protestos em todo o país, a maioria das mortes foi de manifestantes no sul do Peru, onde os indígenas aimarás e quéchuas mantêm suas próprias línguas e tradições culturais, bem como um sentimento de separação de pessoas em áreas urbanas da costa do Peru, particularmente na capital, Lima.

E enquanto a repressão das forças de segurança ao movimento de protesto reabriu feridas seculares na sociedade multicultural do país, a resposta do governo aos protestos em andamento apenas exacerbou a dor entre os que vivem nas áreas rurais.

Na quarta-feira (8), o ministro da Educação, Oscar Becerra, criticou as mulheres aimarás por levarem seus filhos a um protesto em Lima, onde a polícia usou gás lacrimogêneo contra elas.

“Nem os animais exporiam seus filhos [assim]… Elas podem ser chamadas de mães se expõem seus filhos a essa violência?” disse Becerra, que passou a sugerir que as mulheres podem ter “alugado” as crianças para usar para “ganho político”.

Becerra mais tarde se desculpou: “Quero dizer a vocês que, se alguma declaração minha foi mal interpretada, peço minhas sinceras desculpas”.

Em carta publicada na terça-feira (7), a Ouvidoria do país disse que os comentários de Becerra servem para “aumentar o confronto entre os peruanos”.

Desde os tempos em que o Peru era uma colônia espanhola, a riqueza e o poder político do país concentram-se em Lima.

Em contraste, vastas faixas das regiões montanhosas do centro e do sul, bem como a vasta região amazônica, permanecem isoladas e subdesenvolvidas.

A falta de infraestrutura de saúde, educação e transporte incentivou muitos residentes dessas áreas a migrar para Lima nas últimas décadas, onde muitas vezes lutam para serem aceitos.

Aqueles que permanecem nas áreas mais rurais do país estão ficando cada vez mais frustrados com a falta de desenvolvimento, mesmo durante os períodos de forte crescimento econômico do país.

A região sul de Puno é um microcosmo dos problemas que o Peru rural enfrenta.

Mais de 70% das crianças ali menores de três anos sofrem de anemia, condição associada à má alimentação, e cerca de um quarto da população não tem acesso a água corrente em casa.

A região tem sido uma das mais esquecidas com os políticos de Lima calculando que uma população pequena e falta de organização política significava que eles não precisavam se preocupar em atender às suas necessidades, segundo Omar Coronel, professor de sociologia da Pontifícia Universidade Católica do Peru.

O acesso à saúde na área rural tem sido um ponto sensível – o país sofreu o pior número de mortes per capita por Covid-19 no mundo – e suas repercussões foram sentidas de forma aguda após os protestos na região de Puno.

Com informações CNN

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