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Acre tem a menor proporção de mulheres entre os donos de negócios do país

Ao todo, 23.564 mulheres são donas do próprio negócio no estado e representam apenas 24% de líderes empresariais.

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O Acre é o estado com a menor proporção de mulheres entre donos de negócios do país. Ao todo, 23.564 mulheres são donas do próprio negócio no estado e representam apenas 24% de líderes empresariais. Deste total, 10% dessas mulheres são empregadoras no estado.

Os dados são referentes ao levantamento “Empreendedorismo Feminino no Brasil em 2022”, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Os estados do Rio de Janeiro e Ceará têm as maiores proporções de mulheres entre os donos de negócios, cada um com 38%. Em relação à região, no Norte, por exemplo, apenas 8% das mulheres são empresarias.

Outro dado que chama atenção no levantamento é que apenas 26% das mulheres donas do próprio negócio no Acre têm ensino superior. O dado, inclusive, é menor do que a média nacional, que é 28%.

Entre os serviços que predominam entre as mulheres estão:

  • Cabeleireiros e tratamento de beleza
  • Serviços de comida preparada
  • Cosméticos e perfumaria
  • Confecção, sob medida
  • Comércio de tecidos, artefatos de tecidos e armarinho
  • Preparação de fibras, fiação e tecelagem
  • Fabricação de produtos cerâmicos
  • Fabricação de artigos de joalheria, bijuteria e semelhantes
  • Creche
  • Outros
Acre tem a menor proporção de mulheres donas dos próprios negócios no país — Foto: Reprodução

Acre tem a menor proporção de mulheres donas dos próprios negócios no país — Foto: Reprodução

Dificuldades

Em Rio Branco, a educadora social e empreendedora Lidiane Cabral está entre as mais de 23 milhares que administram o próprio negócio. Ela trabalha no movimento de mulheres em vulnerabilidade social há mais de 25 anos, abriu o próprio negócio durante a pandemia e também criou o Coletivo de Mulheres de Pequeno Negócio Elas Fazem Acontecer.

O grupo começou com seis empreendedoras, cresceu para 20 e agora tem quase 300 mulheres de diversos segmentos. Elas ajudam na produção uma das outras, encomendam insumos de outros estados juntas para economizar no frete, apoiam e incentivam umas às outras.

Lidiane destacou que as peculiaridades da região Norte dificultam a mulher se manter no mercado e ativa. “Precisamos romper a cultura de não consumir o que é daqui. Não vou comprar porque é manual. Acho que estamos conseguindo romper devagarinho, e com incentivo isso fica menos custoso. Somos empreendedoras por necessidades, não viemos cheias de dinheiro”, destacou.

Coletivo Elas Fazem Acontecer Acre surgiu durante a pandemia e já tem quase 300 mulheres — Foto: Arquivo/Coletivo Elas Fazem Acontecer Acre

Coletivo Elas Fazem Acontecer Acre surgiu durante a pandemia e já tem quase 300 mulheres — Foto: Arquivo/Coletivo Elas Fazem Acontecer Acre

Lidiane diz também que a maioria das mulheres empreendedoras do estado são de baixa renda. Quando decidem investir, essas mulheres precisam ter um recurso extra para começar as produções e esperar até três meses para começar a lucrar.

“Tiram de onde já não têm para conseguir se colocar no mercado, nessa selva de pedra que é empreender e ainda no Norte do país, na região Amazônica com suas peculiaridades. Vamos concorrer com que já está no mercado, com quem já está há muito tempo lá na frente, quem trabalha com marketing digital. São mulheres que por empreenderem por necessidade não trabalham apenas com um pequeno negócio, muitas das vezes têm que apelar para outros trabalhos para se manter e manter sua família”, frisou.

A educadora ressalta também que a maioria dessas empreendedoras são mães solteiras com várias outras atividades para exercer e precisam se desdobrar para estar 24 horas ativa no negócio, responderem as redes sociais e conseguir um capital de giro.

“Por elas não conseguirem desempenhar apenas uma função naquele negócio, não consegue manter se não tiver uma rede de apoio. É aí que nasce coletivos como o nosso. Estamos tendo apoio de secretarias com oficina de incentivo, mas, na minha opinião, o que faz com que uma mulher desista, é essa falta de rede de apoio, seja ela institucional porque não conseguem chegar sozinhas e a rede de apoio familiar. Estamos em um estado altamente machista, em que a maioria das mulheres são mãe solos, então, tem que se desdobrar desse pequeno negócio”, lamentou.

Com informações g1 AC

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