Março encerra como o mês mais letal da pandemia no Acre. Foram 264 mortes pela Covid-19 neste mês, superando a marca de junho de 2020, que registrou 217 mortes. Até esta quinta-feira (31)1262 pessoas perderam a vida a doença no estado.
Um ano após os primeiros casos de Covid-19 no Acre, o estado enfrenta um colapso no sistema de saúde com falta de leitos, pessoas morrendo à espera de uma vaga na UTI e avanço nos casos de infectados.
Mortes durante a pandemia no Acre
Mês | Total |
Abril 2020 | 19 |
Maio 2020 | 129 |
Junho 2020 | 217 |
Julho 2020 | 166 |
Agosto 2020 | 81 |
Setembro 2020 | 47 |
Outubro 2020 | 34 |
Novembro 2020 | 30 |
Dezembro 2020 | 72 |
Janeiro 2021 | 72 |
Fevereiro 2021 | 131 |
Março 2021 | 264 |
Total | 1.262 |
Fonte: Sesacre
A média diária de mortes no Acre ficou em 8,5 em março. As primeiras mortes no estado foram registradas em abril, com pico em junho. Em setembro, os números começaram a baixar e dispararam em dezembro, após o período eleitoral.
Na segunda onda da pandemia, o perfil das vítimas também mudou, cresceu o número de internações entre adultos jovens, pacientes saudáveis e grávidas.
“Houve uma mudança de comportamento nessa segunda onda, pessoas jovens estão desenvolvendo a doença de forma mais grave do que os idosos, antes era ao contrário. Foi apresentado pela Sesacre esse índice, onde caiu o número de mortes entre os idosos e aumentou o de jovens e agora a faixa etária é de 35 a 45 anos. Tivemos alguns casos isolados de jovens de 17, 18 anos, o que chama muita atenção”, avalia o infectologista e vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Acre, Alan Areal.
O médico vê com preocupação os números registrados em março. “Nós estamos fechando março hoje dia 31 com mais de 260 óbitos em um mês no nosso estado. Isso é muito alarmante, muito preocupante, levando em consideração que nós estamos em uma situação de colapso onde nos não temos uma vaga de UTI”, acrescentou.
Enterros subiram no mês de março — Foto: Reprodução Rede Amazônica
Vidas perdidas
A professora Elisangêla Anastácio, de 47 anos, perdeu a mãe Maria das Graças Prado de Souza, de 71 anos, e o pai Edmilton Daniel de Souza, de 81, para a doença. Em meio às perdas, o irmão Elyton Prado de Souza, de 41 anos, lutava pela vida. Ele recebeu alta após vários dias internado. A filha da professora, Raniella de Souza Anastácio, de 28, também precisou ser internada.
Muito abalada, a Elisangêla disse que não tinha palavras para descrever a dor que sentia, mas expressou que o coração estava destruído.
“É duro você ver sua família nessa situação. É muito difícil, fica um trauma em nossa cabeça, hoje tenho muito medo da Covid”, resumiu.
O irmão de Elisangêla, Elyton Prado de Souza, só soube da morte dos pais, ao receber alta após 17 dias internado. O que era para ser um dia alegre, pela recuperação, foi marcado pela tristeza.
“O sentimento, na hora da alta, foi uma alegria, porque Deus tinha me dado mais uma oportunidade. Só que quando cheguei lá fora, me deram a notícia que meus pais tinham morrido. Sempre falava que se precisasse dar minha vida por eles eu daria. Não tive condições de velar meus pais, foi a coisa mais difícil para mim, e está sendo até agora porque parece que vivo um pesadelo diário sem entender porque foram os dois juntos”, contou entre lágrimas.
Via-G1