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Acidentes de trânsito, uma questão de saúde pública

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Quando um acidente de trânsito acontece, não são apenas os veículos ou os ocupantes deles que sofrem as consequências. Os transtornos não ficam restritos à rotina e à mobilidade urbana. Além de mudar o destino na vida de muitas pessoas, os acidentes de trânsito são responsáveis por grande parte dos pacientes atendidos nas emergências, internados ou em tratamento de reabilitação, nos hospitais, em todo o país.

Segundo dados do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), organização voltada a desenvolver ações que contribuam para redução dos índices de acidentes no trânsito no país, o número de internações por essa causa gera ao sistema público de saúde o custo anual de R$ 52 bilhões.

O impacto econômico pode ser sentido por toda a população, já que o montante representa 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. O estudo leva em consideração os valores gastos em cuidados com saúde, indenizações, perda de produção por lesão ou morte e associados aos veículos.

No Acre, dados do Departamento Estadual de Trânsito do Acre (Detran/AC) revelam que em 2020 aconteceram 3.744 acidentes de trânsito nas vias estaduais do Acre. Acidentes responsáveis pela morte de 62 pessoas e aproximadamente 1500 vítimas não fatais.

Um estudo realizado pelo projeto Vida no Trânsito aponta que em 2019, foram 6699 acidentes de trânsito na capital Rio Branco que fizeram 266 vítimas leves, 1825 vítimas graves, 89 vítimas fatais.

O levantamento apontou ainda que o menor tempo de atendimento hospitalar de vítimas internadas por lesões graves foi 48 horas, e o maior tempo de internação foi de 167 dias.

Esses atendimentos geram gastos nas unidades de saúde com médicos, infraestrutura, medicamentos, pronto-atendimento, seguidos por gastos hospitalares, previdenciários e trabalhistas, e são pagos por meio de impostos da população. Consequentemente, esse recurso deixa de ser investido em melhorias na saúde, educação e saneamento básico por causa dos acidentes de trânsito que poderiam ser evitados.

Só um caminho pode mudar essa realidade: é a conscientização da sociedade. Da mesma forma que os acidentes de trânsito afetam uma família inteira e a economia de todo um país, a mudança de comportamento e cultura em relação ao trânsito pode possibilitar proteção de vidas e garantias de investimentos para o bem comum. Por isso precisamos exercitar o respeito e a responsabilidade no trânsito.

Daigleíne Cavalcante – É jornalista no Departamento Estadual de Trânsito (Detran)

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