O ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiana, Hugh Todd, e o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, se encontraram nesta quinta-feira(25) em Brasília para discutir a crise diplomática entre os países.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, intermediou o encontro. Ao final, disse que os países “comprometeram-se, reconhecidas as diferenças de lado a lado, a seguir dialogando.”
Diplomatas à par das negociações disseram à CNN que o encontrou serviu para as partes mostrarem suas divergências. A principal é de que a Guiana quer a solução via Corte Internacional de Justiça, e a Venezuela não reconhece a Corte.
Em pronunciamento aos jornalistas, Yván Gil, da Venezuela, disse que o país não vai aceitar interferência de terceiros. Reafirmou, no entanto, o compromisso “em preservar a região como uma zona de paz.”
Hugh Todd, da Guiana, também disse que o país quer resolver os problemas de forma pacífica, mas que espera um avanço nas negociações em próximos encontros.
“É um bom começo porque nós conseguimos reunir e conversar, e interagir as nossas opiniões, e nossas ideias. Estamos saindo daqui hoje com uma compreensão de onde estamos e de onde precisamos chegar”, afirmou.
O encontro durou cerca de sete horas e faz parte dos trabalhos da Comissão Conjunta de Chanceleres e Técnicos da República Cooperativa da Guiana e da República Bolivariana da Venezuela, instituída em dezembro do ano passado, pela chamada Declaração de Argyle para o diálogo e a paz entre os dois países.
Também participaram, como observadores, representantes da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos(CELAC) e das Nações Unidas.
Essequibo
A tensão entre Venezuela e Guiana escalou em 2023 após o presidente Nicolas Maduro promover um referendo para reivindicar o território de Essequibo, que hoje pertence a Guiana.
A região, rica em recursos naturais, tem 160 quilômetros quadrados e corresponde a cerca de 70% do território do país.
Em novembro, o Brasil reforçou a segurança nas fronteiras, por temer que tropas venezuelana usassem passagem pela floresta amazônica para invadir o território alvo de disputas.