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Setores apostam na queda de preços com a inauguração da ponte

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Márcio de Paula tem 30 anos e trabalha como taxista de lotação entre Porto Velho e Vista Alegre do Abunã, localidades rondonienses. A passagem no trecho custa R$ 150, mas o preço vai cair no mesmo dia em que a ponte sobre o Rio Madeira for inaugurada, garante.

Márcio disse que o sindicato da categoria definiu a redução no mês passado. “O pessoal concordou em baixar para 90 reais. Nossa despesa vai cair quando a ponte for inaugurada e não é justo a gente manter o mesmo preço”, observa. Um taxista desembolsa R$ 40 (ida e volta)  pelo serviço de travessia realizado pelas balsas.

Taxista Márcio de Paula garante que a categoria concordou em reduzir o preço da passagem no serviço de lotação entre as duas localidades. Foto: Diego Gurgel/Secom

A presença das balsas na região movimenta uma economia que gira em torno da travessia de veículos e passageiros. Em cada lado do rio funciona uma lanchonete e, durante o trajeto, vendedores ambulantes ofertam uma diversidade de produtos para os passageiros, na maioria alimentos.

Ambulante que ganhava a vida atuando nas balsas, João Paulo Sacramento, diz que vai voltar para sua terra natal, o Pará. Foto: Diego Gurgel/Secom

Nos últimos oito anos, o paraense João Paulo Sacramento foi um deles. Ganhou  o sustento da família com a venda de facas e panelas. Com a desativação das embarcações, planeja voltar para sua terra natal. Mas engana-se quem pensa que ele ficou triste por perder a fonte de renda. Apesar de a ponte extinguir a atividade comercial que explorava, ele aprova a entrega da obra. “Vai beneficiar muita gente, né? Não podemos ser egoístas e pensar só na gente. Precisava muito dessa ponte aí. Presenciei muitos casos de exploração e falta de respeito aqui neste trecho”, revela.

Em sua primeira viagem ao Acre, o caminhoneiro Antônio Messias aguardou 72 horas pela balsa para fazer a travessia. Foto: Diego Gurgel/Secom

Em dias normais de operação, a travessia demora entre 40 e 50 minutos, contando embarque, traslado e desembarque. Mas geralmente o tempo para cruzar o Madeira é bem maior.

O caminhoneiro Antônio Messias viveu uma experiência da qual não se esquece. Mineiro, ele fez uma viagem para o Acre em 2018, esperou 72 duas horas para cruzar o rio e passou a evitar viagens para Rio Branco. “Passei 72 horas na fila e ninguém dava uma informação. No terceiro dia começaram a embarcar os caminhões e consegui atravessar. Nesses anos até pintou frete para cá, mas quando lembrei dessa travessia, recusei”, contou.

A ligação definitiva entre os dois estados vai fortalecer vários setores, principalmente o agronegócio, que tem a hidrovia do Madeira como maior aliado para escoamento da produção. Outro setor que vai contabilizar redução de custos no transporte é o de combustíveis. Com o fim dos gastos na travessia do produto, fica a expectativa para que o percentual seja repassado para o consumidor, com a redução do preço na bomba.

 Indústria e comércio aposta na redução do preço dos insumos

Outro setor que aposta na redução de custos com a entrega da ponte é a indústria. O presidente da Federação das Indústrias do Acre (Fieac), José Adriano Silva estima que os insumos do setor industrial registrem queda, entre eles a construção civil.

“Alguns custos com que antes a gente era obrigado a arcar com o transporte fluvial naquele trecho são diretamente impactados com essa nova realidade. Então, nós imaginamos que os insumos da construção civil, por exemplo, poderão ter uma redução de cinco a seis por cento. Mas, considerando que nós também temos outros insumos aqui que ajudam no processamento dos produtos industriais, vamos ter, em média, uma redução alcançando os dez por cento, essa é a expectativa”, avalia.

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