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Fim das privatizações e isenção de combustíveis derrubaram Bolsa

Outro ponto que afetou negativamente o mercado de capitais, foi a questão fiscal, ou seja, a relação entre gastos e receitas do governo, além de como ela afeta a dívida pública.

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Duas decisões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva influenciaram com maior intensidade a queda de 3%, registrada por volta das 17 horas, na Bolsa de Valores, nesta segunda-feira (2/1). Foram elas as medidas que revogaram o processo de privatização de oito estatais e a que prorrogou por 60 dias a isenção de impostos dos combustíveis.

Vinícius Teixeira, diretor de estratégia da Messem Investimentos, o maior escritório de assessoria financeira do Grupo XP, por exemplo, destaca a questão do fim do processo de privatização de oito estatais, revogado por Lula. A lista incluía empresas como a Petrobras, os Correios, a Dataprev e a Conab. “Com esse tipo de decisão, volta o temor por parte dos agentes de mercado de que haverá intervencionismo nessas companhias”, diz Teixeira. “E isso pode ter forte impacto negativo nos resultados das estatais.”

Outro ponto que afetou negativamente o mercado de capitais, observa Dan Kawa, da assessoria de investimentos TAG, foi a questão fiscal, ou seja, a relação entre gastos e receitas do governo, além de como ela afeta a dívida pública. “Já ouvimos falar muito a respeito das necessidades de despesas do governo”, afirma o especialista. “Mas ainda não temos a menor ideia de quais serão as fontes que vão bancar esses recursos.”

Kawa observa que havia no mercado a expectativa de que o fim das isenções de tributos dos combustíveis, prevista para ocorrer no início deste ano, representaria uma certa recomposição de receitas para o governo federal, evitando gastos da ordem de R$ 50 bilhões projetados para 12 meses.

O presidente Lula, no entanto, assinou uma Medida Provisória (MP) que estendeu a isenção do PIS/Cofins dos combustíveis por 60 dias. O governo, inicialmente, havia decidido não ampliar o benefício, mas voltou atrás por conta da eventual repercussão negativa da decisão. “O problema é que esse tipo de mudança traz à tona mais incertezas”, acrescenta Kawa.

Os discursos inaugurais de Lula, feitos no domingo (1º/1), acrescenta Gabriel Barros, sócio e economista-chefe da Ryo Asset, também contribuíram para empurrar para baixo o mercado de ações. Para o especialista, as manifestações do presidente tiveram um teor acentuadamente ideológico. “Havia a expectativa de que, passada a eleição, o Lula fosse ser mais pragmático na condução da agenda econômica”, diz. “Mas até agora isso não aconteceu.”

Por Metrópoles

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