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Papa Francisco diz que armar a Ucrânia pode ser ‘moralmente aceitável’

Após a invasão da Ucrânia pela Rússia, o Papa Francisco inicialmente pareceu defender o posicionamento histórico adotado pelo Vaticano de não tomar partido, antes de finalmente mudar de rumo e dizer explicitamente que a Rússia era o agressor na guerra.

Agora, Francisco abordou uma questão moralmente espinhosa, dizendo nesta quinta-feira que é aceitável que os países forneçam armas à Ucrânia para que o país possa se defender.

A autodefesa diante da agressão é “não apenas legal, mas também uma expressão de amor à pátria”, disse Francisco.

Mas ele também enfatizou que os canais de comunicação com a Rússia devem permanecer abertos mesmo que, segundo ele, o diálogo com o agressor “cheire mal”, porque “caso contrário, fechamos a única porta razoável para a paz”.

Francisco falou a repórteres a bordo de um avião que voltava de uma viagem de três dias ao Cazaquistão, onde participou de uma conferência com a presença de líderes religiosos de 60 países. A reunião promoveu o diálogo inter-religioso como meio de ajudar a curar os males do mundo, incluindo a guerra.

Questionado se era certo os países fornecerem armas para a Ucrânia, Francisco disse que era “uma decisão política, que pode ser moral – moralmente aceitável – se for feita de acordo com as condições da moralidade”. Seria imoral, disse ele, “se for feito com a intenção de provocar mais guerra ou vender armas ou descartar aquelas que não são mais necessárias”.

A conferência inter-religiosa deveria oferecer uma oportunidade para Francisco se encontrar com o Patriarca Kirill, chefe da Igreja Ortodoxa Russa, que justificou a guerra na Ucrânia. Mas Kirill decidiu no mês passado não comparecer e a delegação russa foi chefiada pelo responsável pelas relações exteriores da igreja.

Os dois líderes religiosos falaram por vídeo em março, mas Kirill passou boa parte da reunião lendo comentários preparados que ecoavam os argumentos do presidente da Rússia, Vladimir Putin. Francisco afirmou a um jornal italiano que havia dito a Kirill que os homens não eram “clérigos do Estado” e disse que o patriarca não poderia ser “o coroinha de Putin”.

Em agosto, autoridades ucranianas ficaram consternadas quando Francisco se referiu a Daria Dugina , uma ultranacionalista russa de 29 anos que se manifestou a favor da invasão da Ucrânia e foi morta por um carro-bomba, como uma vítima “inocente” .

Depois, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia convocou o embaixador do Vaticano na Ucrânia para expressar “profunda decepção” nas palavras de Francisco. Foi depois dessa reunião que o Papa culpou explicitamente a Rússia pelo conflito.

Com informações O Globo

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