A reclamação dos servidores da limpeza que prestam serviços na UPA e também na maternidade em Cruzeiro do Sul já é antiga. O atraso do salário. Mesmo assim eles dizem que são obrigados a continuar trabalhando para não serem demitidos.
Desta vez, esse grupo tomou coragem e resolveu falar porque não aguentam ficar mais com tantos meses sem receber o salário e passar necessidades em casa. Só na UPA são 16 pessoas que trabalham na limpeza, todos com salário atrasado do mês de março e abril. Alguns, nem as férias recebeu.
Valderlândio Páscoa diz que muitos colegas que saíram de férias são obrigados a voltar a trabalhar sem receber os salários atrasados e as férias que tinham direito de receber.
“Os que saem de férias não recebem, depois voltam das férias e com um tempo é que vão receber. Pois não recebem na hora, passa as férias livre sem dinheiro”, afirmou.
Com salário atrasado e sem previsão de quando receber, muitos desses pais e mães de família dizem que passam necessidades e precisam pedir ajuda de amigos ou familiares porque não conseguem mais comprar fiado.
“A pessoa têm dificuldade porque a gente só trabalha aqui, não recebe, na cidade não temos crédito para estar comprando fiado. Quem tem criança é complicado porque tem que estar comprando alimentação e as coisas estão muito caras hoje em dia. Ficamos de mãos abanando a situação fica cada vez mais complicada. Procuramos por resposta e eles não dão”.
Alguns que já foram demitidos continuam com salários atrasados, a recisão de contrato e até FGTS. A situação é delicada, não só de quem trabalha na UPA mas de servidores que prestam serviços para mesma empresa Maia Pimentel. Na maternidade de Cruzeiro do Sul e outros órgãos do governo.
Na manhã desta quinta-feira,13, um dos servidores recebeu uma ligação e disse que era uma informação direto da empresa de Rio Branco, que se eles não voltassem ao trabalho hoje, eles poderiam ser todos demitidos.
“O governador outro dia deu uma entrevista dizendo que iria ajustar a situação dessas empresas, para pagar em dia os funcionários. Gostaria de fazer um pedido para o governador. Depois dessa reivindicação que estamos fazendo pelos nossos direitos, que ele não deixe que a empresa demita nenhum funcionário. Trabalhamos 12 horas por dias. Entramos às 6 da manhã e saímos às 18 horas. Temos contato direto com o vírus. Muita gente elogia médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem mas nós é quem somos os menos favorecidos. E é nós quem estamos cuidando da higienização, desinfectando e tendo contato direto com a Covid-19. Não estamos sendo reconhecidos nessa parte” relatou o servidor Olivaldo Paiva.
Recentemente, a Controladoria Geral do Estado do Acre (CGE) disse que das 19 empresas terceirizadas com contrato na Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esportes do Acre (SEE), pelo menos 14 apresentam algum tipo de irregularidade junto à pasta.
“O governo está pagando, sim, mas só pode fazer isso, lógico, em conformidade com o que exige a lei, que é a empresa terceirizada estar legalizada, apresentando os documentos corretos e previstos na legislação, para que os recursos possam ser repassados pelo Estado na maior lisura possível”, informou o controlador geral, Luis Brandão.
Irregularidades encontradas pela CGE
Apresentam notas fiscais com divergências de documentos, como a ausência de pagamento de seus funcionários;
Sem comprovantes de INSS, do FGTS e de outros encargos ou tributos;
Não apresentam certidão negativa para demonstrar que estão com os encargos regularizados;
Não apresentam folhas de ponto à SEE da forma legal (É preciso comprovar que o funcionário estava no seu local de trabalho, já que no momento de uma eventual judicialização se o governo não apresenta esse comprovante é penalizado);
Apresentam documentos ilegíveis, como se estivessem fazendo cópias no modo econômico e, por isso, ficam inviáveis de serem lidos e conferidos; Notas fiscais com erros dos mais diversos.