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Justiça determina prisão de suspeito de incendiar estátua do Borba Gato; ‘objetivo foi abrir debate sobre o genocida e abusador de mulheres’, diz preso

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A Justiça de São Paulo determinou a prisão temporária de Paulo Roberto da Silva Lima, conhecido como Paulo Galo, por suspeita de participar do incêndio à estátua do Borba Gato, em Santo Amaro, Zona Sul de São Paulo, no último sábado (24). A prisão foi anunciada pouco depois de ele se apresentar à delegacia e afirmar que participou do ato com objetivo de abrir o debate sobre o bandeirante Borba Gato.

Gessica de Paula da Silva Barbosa, esposa de Paulo, também teve a prisão temporária determinada, mas segundo a defesa, ela não participou do ato em frente à estátua. A polícia também cumpriu mandado de busca e apreensão na casa do casal.

“Para aqueles que dizem que a gente precisa ir por meios democráticos, o objetivo do ato foi abrir o debate. Agora, as pessoas decidem se elas querem uma estátua de 13 metros de altura de um genocida e abusador de mulheres”, afirmou Paulo.

Bandeirantes como Borba Gato desbravaram territórios no interior do país e capturaram e escravizaram indígenas e negros.

Segundo historiadores, muitos mataram índios em confrontos que acabaram por dizimar etnias. Também estupraram e traficaram mulheres indígenas, além de roubar minas de metais preciosos nos arredores das aldeias, conforme o livro “Vida e Morte do Bandeirante”, de Alcântara Machado.

Além de Paulo, Danilo Oliveira também compareceu à delegacia de forma espontânea e assumiu sua participação no ato, mas não há pedido de prisão contra ele.

No domingo (25), a Justiça concedeu a liberdade provisória para outro homem suspeito de envolvimento no incêndio. O suspeito teria dirigido o caminhão, que foi identificado e apreendido pelos policiais. Ele responde pelo crime de associação criminosa e por causar incêndio, expondo a perigo o patrimônio de outra pessoa. O homem também é acusado de ter adulterado a placa do caminhão usado na ação.

O incêndio

O ataque à estátua ocorreu no sábado e um vídeo mostrou o momento em que os manifestantes retiraram pneus de um caminhão, espalharam os objetos pela via e nos arredores da estátua e, em seguida, atearam fogo no local. O caso ocorreu por volta das 13h30.

Em frente ao monumento em chamas, o grupo responsável pela ação estendeu uma faixa com a frase “Revolução periférica – a favela vai descer e não vai ser carnaval”.

Policiais militares e bombeiros chegaram ao local pouco tempo depois, controlaram as chamas e liberaram o tráfego. Ninguém ficou ferido.

Na madrugada de domingo (25), a Polícia Civil localizou o caminhão utilizado pelo grupo na cidade de Ferraz de Vasconcelos, na Grande SP. O veículo estava com a placa adulterada e foi apreendido.

Uma avaliação preliminar da Defesa Civil indicou que, a princípio, o fogo não comprometeu a estrutura. Na segunda-feira, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, disse que  um empresário se propôs a doar o valor necessário para restaurar a estátua.

A Guarda Civil Metropolitana (GCM) informou que irá aumentar o número de rondas pela Praça Augusto Tortorelo de Araújo, onde fica a estátua de Borba Gato.

Bombeiros terminam de controlar o fogo na estátua em homenagem ao bandeirante Borba Gato, localizada na Praça Augusto Tortorelo de Araújo, no distrito de Santo Amaro, Zona Sul de São Paulo que foi incendiada por manifestantes na tarde deste sábado (24).  — Foto: YURI MURAKAMI/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Bombeiros terminam de controlar o fogo na estátua em homenagem ao bandeirante Borba Gato, localizada na Praça Augusto Tortorelo de Araújo, no distrito de Santo Amaro, Zona Sul de São Paulo que foi incendiada por manifestantes na tarde deste sábado (24). — Foto: YURI MURAKAMI/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

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