Mulheres e crianças que estão no local correm para se refugiar ao ouvir os disparos. Não há informações sobre o momento exato em que as imagens foram registradas.
Durante o confronto, três garimpeiros morreram e quatro ficaram feridos, de acordo com presidente do Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuanna (Condisi-Y), Junior Hekurari Yanomami. Um indígena também ficou ferido com um tiro na cabeça, mas sobreviveu.
Ainda na tarde de segunda, o presidente do Condisi-Y foi até a comunidade para acompanhar a situação de perto. O relato é que os indígenas foram atacados após apreenderem materiais que seriam destinados ao garimpo. A Polícia Federal investiga o caso.
Mulheres e crianças correm ao ouvir disparos — Foto: Reprodução
“É um local de passagem dos garimpeiros, onde levam gasolina e alimentam todos os locais dos garimpos. As próprias comunidades fizeram barreiras, estão colocando dificuldade e estão sofrendo retaliação”, disse Hekurari.
A comunidade fica às margens do rio Uraricoera, trajeto usado pelos invasores para chegar até os acampamentos no meio da floresta.
Na ida à comunidade, Hekurari, relatou ter encontrado cartuchos de espingardas calibres 12, 28 e 20, além de munições deflagradas de fuzis e de pistolas. Dois quadriciclos foram apreendidos pelos indígenas.
“Está um clima tenso, estão com muito medo. Não sei como vai ficar hoje. Todos estão com medo. Homens vão fazer o possível para manter a segurança deles”.
Ainda de acordo com Hekurari, os corpos foram levados pelos próprios garimpeiros. Um dos invasores foi deixado para trás pelo grupo e foi detido pelos indígenas. O homem foi retirado da região pelo Condisi-Y e entregue à PF e a Funai, em Boa Vista.
Cápsulas de munições deflagradas encontradas pelo Condisi-YY após conflito na Terra Yanomami — Foto: Júnior Hekurari Yanomami/Condisi-YY/Divulgação
Relatório ao MPF
Um relatório da visita do Condisi-Y foi enviado ao Ministério Público Federal (MPF), à Fundação Nacional do Índio (Funai) e à Polícia Federal (PF). No documento, Hekurari pede uma ação por parte dos órgãos, após a situação entre indígenas e garimpeiros se agravar “diante da inércia da União, de seus órgãos e autarquias”.
“Diante de todos esses danos potenciais e previsíveis, que acabaram por se confirmar com o passar do tempo, e diante da inércia da União, de seus órgãos e autarquias, solicitamos que seja ajuizada alguma ação, uma vez que a situação se agravou de tal forma que o caos social se instalara e a atividade criminosa caminha para sair do controle das forças de segurança”, diz trecho do relatório.
Procurado, o procurador do MPF, Alisson Marugal diz que órgão está agindo para apurar o que aconteceu e identificar os responsáveis.
“Apurando as informações e em contato com os órgãos de segurança para as providências cabíveis e urgentes para garantir a segurança das comunidades indígenas e identificar os autores do ataque”, procurador do MPF, Alisson Marugal.
A Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas (FPMDDPI) emitiu uma nota de repúdio ao ataque e também enviou um ofício ao MPF solicitando informações sobre o confronto.
“Como é de conhecimento público e das autoridades, a situação na Terra Indígena Yanomami é gravíssima face à persistentes invasões por garimpeiros. Assim considerando acima relatado, venho solicitar as averiguações e medidas emergenciais que o caso requer para assegurar os direitos constitucionais, em especial à vida e integridade física do Povo Indígena Yanomami”, escreveu a deputada Joenia Wapichana (Rede), coordenadora da FPMDDPI.
Indígenas da Comunidade Palimiu, na Terra Indígena Yanomami — Foto: Condisi-YY/Divulgação
Via: G1