Um risco de estragos “baixo” ou mesmo “ínfimo”, mas não zero: um foguete chinês deve retornar, sem controle, à atmosfera terrestre neste final de semana. China e muitos especialistas consideram, porém, a hipótese de danos na Terra mínima.
O país asiático colocou em órbita o primeiro módulo de sua estação espacial em 29 de abril, graças a um foguete Longa Marcha 5B – o mais poderoso e imponente lançador chinês. É a primeira parte deste foguete, atualmente em órbita, que deve retornar à Terra. O objeto está perdendo altitude gradualmente e seu ponto de queda ainda é desconhecido.
A China tem sido muito discreta sobre o assunto e não publicou nenhuma previsão sobre o horário que o lançador entrará na atmosfera terrestre, ou onde deveria se desintegrar total ou parcialmente.
Para a agência espacial russa Roscosmos, a entrada pode acontecer neste sábado às 23h30 pelo fuso GMT (20h30 no horário de Brasília), no sul da Indonésia. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos estima que será às 23h GMT (20h de Brasília), com uma margem de erro de nove horas.
O risco de destroços do lançador atingirem uma área habitada existe, mas é improvável, de acordo com vários especialistas entrevistados pela AFP. “Dado o tamanho do objeto, inevitavelmente restarão pedaços grandes”, antecipa Florent Delefie, astrônomo do Observatório Paris-PSL.
Mas a probabilidade de impacto numa área habitada é “ínfima, menos de um em um milhão, sem dúvida”, tranquiliza Nicolas Bobrinsky, chefe do departamento de Engenharia e Inovação da Agência Espacial Europeia (ESA).
“Não há necessidade de se preocupar muito”, observa Jonathan McDowell, astrônomo do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, nos Estados Unidos, e especialista em detritos espaciais. “Mas o fato de uma tonelada de fragmentos metálicos atingir a Terra a centenas de quilômetros por hora não é uma boa prática, e a China deveria revisar suas missões para evitar isso.”
Avanço espacial chinês
Em 2020, destroços de outro foguete, o Longa Marcha, caíram em vilarejos na Costa do Marfim, causando danos, mas sem feridos. Em abril de 2018, o laboratório espacial chinês Tiangong-1 se desintegrou ao entrar na atmosfera, dois anos depois de parar de funcionar.
A China vem investindo bilhões de dólares em seu programa espacial há várias décadas. O país asiático enviou seu primeiro astronauta ao espaço em 2003. No início de 2019, pousou um robô no lado oculto da Lua.
No ano passado, trouxe amostras da Lua e finalizou o Beidou, seu sistema de navegação por satélite (concorrente do GPS americano). Pequim planeja pousar um robô em Marte nas próximas semanas e também anunciou sua intenção de construir uma base lunar com a Rússia.
Via-G1