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Como perdi mais de US$ 150 mil em um site de encontros

Rachel Elwell conheceu um homem em um site de namoro e, embora nunca tenham se encontrado, ele conseguiu tirar tanto dinheiro dela que a mulher quase foi à falência.

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Quando um homem chamou Rachel Elwell para conversar em um site de namoro em janeiro de 2021, ela decidiu aceitar o convite virtual.

“A foto dele era linda”, lembra ela. “Ele parecia gostar das mesmas coisas que eu e ser uma pessoa aberta e genuína”, disse ela à BBC.

Mas o que começou como uma conversa promissora acabou se tornando um pesadelo para a britânica de 50 anos.

Dois meses e meio depois, Rachel acabaria à beira da falência, tendo dado mais de US$ 157 mil (cerca de R$ 787 mil) de seu dinheiro a este homem, que ela nunca conheceu pessoalmente.

O que aconteceu com essa gerente de exportações que mora em Brownhills, no centro do  Reino Unido, pode parecer loucura. Mas os especialistas em segurança alertam que é muito mais comum do que você pensa.

Elwell foi vítima do que é conhecido como fraude romântica ou esquema de romance.

De acordo com a Action Fraud, o centro nacional de denúncias de fraudes do Reino Unido, isso ocorre quando criminosos enganam pessoas para que elas enviem dinheiro, ganhando sua confiança e convencendo-as de que estão em um relacionamento genuíno.

Esse tipo de golpe geralmente é feito por uma fraude conhecida em inglês como catfishing que é quando alguém cria uma conta ou perfil falso, seja em redes sociais ou sites de namoro, com a intenção de enganar ou abusar de alguém.

O termo catfishing tem origem numa prática antiga de pescadores de bacalhau. Para manterem os peixes vivos durante o transporte, eles jogavam bagres – catfish – nos tanques o que fazia com que os bacalhaus ficassem ativos e atentos à presença dos bagres.

Em 2020, a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos informou que “as perdas relatadas nos chamados golpes românticos alcançaram um recorde de US$ 304 milhões (cerca de R$ 1,6 bilhão).”

Muitas pessoas aproveitam o anonimato da internet para aplicar golpes e fraudes, geralmente usando contas falsas. — Foto: CDC/Amanda Mills

Muitas pessoas aproveitam o anonimato da internet para aplicar golpes e fraudes, geralmente usando contas falsas. — Foto: CDC/Amanda Mills

O exemplo de Rachel

O caso de Rachel Elwell serve para mostrar como uma pessoa bem-intencionada pode cair nesse tipo de golpe.

Ela disse à BBC que o homem que a contatou disse que morava em uma cidade próxima chamada Cannock, mas que eles teriam de esperar algumas semanas para se encontrar porque ele estava no exterior executando um projeto de engenharia na Ucrânia.

Mas, depois de um tempo, o homem ligou para ela e disse que as leis do país haviam mudado devido à pandemia da  covid-19 e que agora ele precisava pagar impostos antes de começar o trabalho de engenharia.

Ele contou que o trabalho ficaria suspenso até que ele pagasse os impostos e que tinha usado os fundos de pensão, vendido o carro e recorrido a agiotas para conseguir o valor.

O homem até apresentou uma carta, e enviou uma cópia a Elwell, supostamente do tesouro ucraniano, exigindo que ele pagasse US$ 160 mil (R$ 840 mil).

“Tudo parecia muito legítimo”, disse a mulher, que “relutantemente” concordou em mandar 45 mil libras (R$ 334 mil).

Mas as coisas ficaram tensas quando o homem entrou em contato para dizer que dois “bandidos” enviados pelos agiotas apareceram na casa dele e o trancaram no porão.

Ele disse que os homens pediram o dinheiro emprestado e enviou fotos que supostamente o mostravam trancado.

Elwell decidiu mandar o dinheiro para ele.

“Quando ele me disse que a vida dele estava em perigo e eu não tive mais notícias, pensei que ele tinha sido assassinado. Já imaginou se sentir responsável pela morte de alguém?”, explicou, após ser questionada por que mandou tanto dinheiro para uma pessoa que ela não conhecia.

A fraude não parou por aí: o homem disse a ela que depois de receber o dinheiro eles o haviam libertado, mas que não devolveriam o passaporte até que ele pagasse os juros, então Raquel voltou a ajudá-lo.

“Tudo mentira”

No dia 16 de março, quando o homem estaria voando de volta para Londres, Elwell foi ao aeroporto de Heathrow para recebê-lo, mas recebeu um e-mail de supostos funcionários do aeroporto dizendo que ele havia sido preso.

Ela conta que quando abordou alguns oficiais da Força de Fronteira para perguntar o que estava acontecendo, eles disseram: “Ei, é uma farsa.”

Ela ainda foi até a suposta casa do homem para falar com a suposta filha e a empregada dele, quando finalmente percebeu a realidade.

“Nenhuma daquelas pessoas morava naquela casa”, conta ela.

“Foi naquele momento que soube que era tudo mentira.”

Um porta-voz da polícia de West Midlands disse à BBC: “O caso de Rachel é um excelente exemplo de fraude romântica e mostra o quanto esses golpistas afetam a vida das pessoas”.

Como evitar ser enganado

Estas são as sugestões do Action Fraud para evitar fraudes românticas:

  1. Suspeitar de qualquer pedido de dinheiro de alguém que você nunca conheceu pessoalmente, especialmente se você conheceu recentemente online
  2. Falar com a sua família ou amigos para obter conselhos
  3. Verificar se a foto do perfil da pessoa é genuína. Você pode fazer isso usando um mecanismo de busca como o Google Images, para ver se aquela imagem já foi usada antes (algo frequente no catfishing).

Via-G1

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