Nos primeiros 6 meses do ano o Acre já exportou mais de 220 toneladas de carne suína a mais que o mesmo período de 2022. Os dados são do SISCOMEX do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços do Governo Federal. A quantidade exportada já supera em mais de 55% o mesmo período do ano anterior.
Em termos de valores exportados, o aumento nos primeiros 6 meses do ano foi de 80,90%, superando em quase 700 mil dólares os valores do mesmo período do ano anterior. As quantidades tanto em dólares como em quilogramas, para cada ano, estão expressos no gráfico abaixo.
A abertura das exportações para o Peru foi um dos responsáveis pela excelente performance da carne suína no primeiro semestre do ano. O valor exportado em 6 meses, já tingiu 94% de tudo o que foi exportado do produto de 2022. Em termos de quantidade em quilogramas, o valor dos primeiros 6 meses do ano já atingiu 78,7% do que foi realizado em 2022.
Por sinal, nesses primeiros 6 meses do ano, somente a carne suína (80,9%) e a soja (16,8%), superaram os valores exportados no primeiro semestre de 2022. O valor total das exportações acreanas caiu 26,6% em relação ao mesmo período do ano passado, conforme pode ser observado na tabela abaixo:
EXPORTAÇÕES DO ACRE NO PRIMEIRO SEMESTRE 2022 E 2023 – VALOR FOB (US$) – QUEDA DE 26,6%
GRUPO DE PRODUTOS | 2023 | 2022 | ||
valor | % | valor | % | |
Soja e derivados (+16,8%) | 16.591.621 | 59,90 | 14.210.063 | 37,63 |
Madeira e derivados (-71,9%) | 3.116.878 | 11,25 | 11.076.690 | 29,33 |
castanha (-58,1%) | 3.027.051 | 10,93 | 7.229.546 | 19,15 |
Bovinos e derivados (-27,4%) | 1.753.616 | 6,33 | 2.416.550 | 6,40 |
Suínos e derivados (+80,9%) | 1.562.787 | 5,64 | 863.683 | 2,29 |
Frango | 93.771 | 0,34 | 0 | 0,00 |
Milho (-58,9%) | 184.737 | 0,67 | 449.956 | 1,19 |
outros (-9,5%) | 1.370.609 | 4,95 | 1.514.767 | 4,01 |
TOTAL (-26,6%) | 27.701.070 | 37.761.255 |
Conforme entrevista do meu amigo Paulo Santoyo, um dos gerentes do Complexo agroindustrial do Alto Acre (Acreaves e Dom Porquito), prestada ao canal do Yotube do ac24horas, no dia 31/7, o empresário destacou o aumento da demanda do exterior pela carne suína da Dom Porquito. Outra informação importante é que hoje a produção acreana é insuficiente para atender a demanda existente. A empresa está importando matéria-prima de outros estados, principalmente de Mato Grosso.
Demanda internacional em alta
Em artigo do Valor Econômico do dia 31/7, escrito pela jornalista Lourdes Rodrigues, denominada – Carne suína: embarques a todo vapor – destaca a importância da carne suína no atual cenário do mercado mundial: https://valor.globo.com/publicacoes/especiais/revista-agronegocio/noticia/2023/07/31/carne-suina-embarques-a-todo-vapor.ghtml.
Na reportagem as exportações brasileiras do produto alcançaram 589,8 mil toneladas entre janeiro e junho deste ano, volume que supera em 15,6% os embarques realizados no mesmo período de 2022, com 510,2 mil toneladas. Ainda no primeiro semestre, a receita das exportações chegou a US$ 1,413 bilhão, saldo 26,7% superior ao resultado registrado entre janeiro e junho de 2022, de US$ 1,115 bilhão.
Entrevistado pelo Valor, o Sr. Luís Rua, diretor de mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) espera que os índices sigam em ritmo forte nos próximos anos, conforme os mercados internacionais reconheçam o status do Rio Grande do Sul e do Paraná, segundo e terceiro maiores produtores e exportadores de carne suína do país, além do Acre, como livres de aftosa sem vacinação”. Segundo Luís Rua, esse é um status relevante para acessar alguns dos maiores importadores mundiais de carne suína, como Japão, Coreia do Sul e México, que estão entre os quatro maiores, atrás apenas da China.
Criada em 2016, por intermédio de uma política pública do governo estadual, a Dom Porquito está ocupado o espaço que lhe cabe no mercado nacional e internacional da carne suína. O mercado está em expansão, existe a competência da empresa acreana para ocupar uma parcela deste mercado. Mas ainda não estamos aproveitando todas as janelas de oportunidades que a promissora atividade está apontando. Ainda não temos uma produção local de suínos para abastecer a Dom Porquito. Urge políticas públicas, sejam estaduais ou municipais, para criar uma forte ação para incentivar a produção local, com uma grande inclusão dos pequenos produtores rurais de todo o estado. Mercado tem, falta produto.
Orlando Sabino escreve às sextas-feiras no Juruá Online