A carreira de Anderson Silva no MMA está acabada. Segundo o próprio lutador, em entrevista ao programa “Ariel Helwani’s MMA Show”, ele não se apresentará mais no esporte.
Anderson tem uma luta de boxe marcada para o dia 19 de junho no México, contra Julio Cesar Chavez Jr.
– Logo após a luta contra Uriah Hall, eu fui para o vestiário e começaram a me ligar para lutar no Japão. Eu precisava descansar, mas todos os dias muitos eventos, especialmente no Japão e do resto da Ásia, me ligavam.
Mas eu não vou mais lutar MMA, porque é duro treinar para o MMA, é difícil fazer um camp em alto nível, você se machuca muito. Agora eu só quero curtir.
Não preciso provar mais nada para ninguém. É isso. Eu aceitei a luta contra Uriah Hall e algumas coisas aconteceram nos bastidores.
Todo mundo sabe o que estava acontecendo, não preciso ficar falando. Não coloco mais pressão no meu corpo nem na minha mente, pensando em lutar novamente.
Só tenho que agradecer a Deus por poder lutar e poder ajudar meu filho Gabriel a treinar.Para o Spider, a falta de respeito pelos lutadores por parte dos eventos vem tirando o interesse do púb lico pelo MMA.Aos 44 anos, o lutador agora aposta em aproveitar artes marciais diferentes, para poder, segundo ele, falar com propriedade de cada uma delas quando parar definitivamente de competir.
– O MMA é um esporte incrível, mas acredito que ele não seja mais tão interessante porque as pessoas nos bastidores não respeitam os atletas.
Eu tive sorte porque, toda vez que lutei MMA eu treinei duro e pus meu coração e a minha paixão no cage. Felizmente terminei essa parte da minha vida.
Talvez meu próximo desafio seja lutar jiu-jítsu, com ou sem quimono. Não sei. Quero apreciar as artes marciais.
E, talvez, quando um dia as pessoas me perguntarem sobre boxe, jiu-jítsu e outras artes marciais, eu possa falar alguma coisa, porque terei sabido como é lutar cada uma delas e quanto foi duro treinar para cada uma delas.
É importante respeitar o esporte, não importa se você é um lutador, um youtuber ou não.
Perguntado se tinha algum arrependimento ou mágoa do UFC, Anderson Silva garantiu que não, e lembrou de uma frase dita a ele por Lorenzo Fertitta, um dos antigos donos do UFC e seu amigo pessoal.
– Eu me sinto feliz porque fiz o meu melhor e dei o meu coração pelo UFC. Eu me lembro de Lorenzo (Fertitta) me dizer uma vez que aquilo era uma família e era importante estar perto da família.
E em todas as minhas lutas no UFC eu coloquei o meu coração nelas, porque eu sentia que era a minha família. Mas chegou a hora de mudar. Não tenho nada para falar do UFC.
Tive momentos incríveis no UFC, assinei contratos que foram respeitados. Só posso agradecer. Mas agora estou livre e posso fazer qualquer coisa, lutar onde quiser.
Anderson também falou sobre a lesão de Chris Weidman. Segundo ele, ao ver a cena, ele sentiu a dor que havia sentido no UFC 168, quando ele fraturou a perna da mesma forma enfrentando o próprio Chris Weidman.
O lutador revelou que as verdadeiras dores são sentidas semanas após a fratura e, segundo ele, são absurdas.
– Meu filho estava assistindo à luta, porque eu não assisto mais a MMA. Vejo outros esportes, outras lutas, mas não vejo mais MMA. Assisti vídeos de MMA por tantos anos, que foi demais. Mas quando o meu filho me mandou uma mensagem com o que havia acontecido com Chris Weidman. Quando eu vi o vídeo, senti a mesma dor.
Me senti mal por Chris, porque sei quanto é difícil, quão duro é aquele momento. Acredito que ele volte a lutar logo, mas vai ser duro.
Ele vai precisar estar perto dos verdadeiros amigos, da família e dar tempo e ter muita calma e foco, porque não é fácil. A parte mental é dura, mas a dor física é absurda. A hora da fratura não é a pior.
Você fica mais nervoso por ver a sua perna quebrada. Mas depois de uma ou duas semanas você começa a sentir a dor de verdade. É absurda.
Quando me perguntaram sobre a situação, eu digo que fiquei triste, porque não é boa para ninguém. Quando eu vi o vídeo, veio um flashback na minha cabeça, de cada momento.
As pessoas não fazem ideia do quanto isso afeta a sua cabeça e o seu coração. As pessoas vieram me dizer que Chris disse isso ou aquilo quando eu sofri a lesão, mas isso não importa. Não estamos tratando de dois lutadores.
A questão é o ser humano e quanta compaixão se tem por ele. Ele tem família, filhos, sonhos. Isso é o que importa.
Confira outros trechos da entrevista:
Luta de boxe contra Julio Cesar Chavez Jr.
– Eu estava de férias no Brasil e me ligaram e disseram que tinham uma luta para mim. Eu perguntei onde e quando e eles disseram que era uma luta de boxe no México contra Julio Cesar Chavez Jr.
E eu pensei: “Por que não?” E eu aceitei a luta e curti o momento. Nessa fase da minha vida eu quero curtir as minhas paixões e os meus amores e tentar fazer o meu melhor todos os dias na minha vida pessoal e no meu esporte.
Sou um atleta e quero sempre fazer o melhor. Aceitei o desafio pelos meus fãs, para mim e para fazer o meu melhor. Será uma luta de boxe profissional de oito rounds com três minutos de duração no peso de 82,5kg e luvas de 10 onças.
Preparação para lutar boxe
– Vai ser um bom desafio para mim. Quero curtir o momento e dar o meu melhor. Não pensar em fazer essa luta e depois mais outras como profissional. Não. Vai ser essa luta, depois pode ser que venham mais ou não.
Agora eu quero me divertir da melhor forma possível. É uma boa oportunidade, mas eu nunca pensei que lutaria um grande nome como Julio Cesar Chavez Jr. O cara é ex-campeão, e merece respeito.
Para mim é importante ir bem, porque o boxe é um esporte tradicional e antigo, e eu não posso entrar no ringue e não dar o meu melhor, não respeitar o esporte. Não pelos meus fãs ou pelos fãs de boxe, mas pelos atletas que fizeram esse esporte ser gigantesco.
Muita gente morreu, muita gente trabalhou duro para construir esse esporte, e eu tenho que respeitar isso. Por isso treino duro todos os dias e aceitei fazer uma luta profissional, e não de exibição.
Pressão de representar o MMA
– Não sinto pressão alguma. Não estou representando o MMA. Estou representando a mim mesmo, minha família e a minha equipe. Treino boxe há muitos anos e já lutei profissionalmente há muitos anos – claro que não no mesmo nível – mas treino todos os dias.Morte do rapper DMX
– Eu me lembro de lutar no Cage Rage, em Londres, e o meu amigo Alex me mostrou “Ain´t no Sunshine” disse que aquela era a música que eu deveria usar para entrar no cage. E eu comecei a usá-la.
Eu sou fã do DMX, e fiquei triste com a notícia da morte dele. Ela era um grande talento, um grande artista, cantor e um ótimo pai. Era um grande cara, e claro que tinha problemas com drogas. Mas ele mudou as vidas de muitas pessoas, ajudou muita gente.
Eu tenho muito respeito por ele, e quando soube fiquei muito impactado. Me encontrei com ele só uma vez, há muito tempo, e foi muito rápido. Mas vou entrar para a luta contra Chavez com ela, com certeza.
Por-Ge